O estilo contemporâneo, a valorização do terreno e o resgate do passado se alternam no projeto do escritório carioca Ao Cubo Arquitetura em Araras. A casa fica no terreno de uma fazenda da família do cliente, hoje transformada em condomínio. Mobiliário e objetos garimpados na antiga sede se misturam com peças de design assinado e a presença marcante de materiais diversos.
Tempo foi a palavra de ordem, tanto na decoração, carregada de memórias, como nas escolhas feitas pelo grupo de arquitetos. “Quando decidimos materiais, espaços, sempre pensamos no tempo: em quanto irá durar, se o projeto vai ser proporcional a várias épocas da vida. E damos tempo também para o cliente tomar suas decisões, se acostumar com o projeto, então muita coisa acaba sendo definida no processo da obra”, conta Pedro de Hollanda, sócio da Ao Cubo Arquitetura.
Para garantir a entrada de luz natural e manter a privacidade dos ambientes internos, os arquitetos desenharam seteiras verticais.
O projeto passou por três diferentes fases até o formato final. “Era completamente diferente, com dois módulos soltos, ligados por uma passarela.” O desejo do cliente em tornar a construção mais compacta, remetendo à antiga da casa da família, mudou a direção da arquitetura. “Ele pediu dois andares, mais tradicional, mas com uma linguagem mais contemporânea.” Foi aí que entraram o concreto, a madeira e a estrutura metálica, materiais que ajudaram a integrar a casa ao terreno. O ar de modernidade ficou por conta da varanda, em balanço.
Peças de design, como as poltronas Ditta, de Sergio Rodrigues, e o espelho Gota, de Leo Romano, se contrapõem às peças garimpadas pela esposa do casal-cliente na antiga casa da família, caso das cadeiras de madeira e palhinha e da mesa de jantar. “Ela foi coautora na decoração”, conta Pedro. |
“Quando fomos conhecer o terreno, percebi um platô que parecia ser o lugar óbvio para construir, mas sugerimos o outro lado. Os clientes adoraram, já que ela não dá vista para os vizinhos, garantindo privacidade.” É neste lado mais alto que fica a entrada principal da casa, pelo primeiro andar. Sala, cozinha, suíte principal e uma para hóspedes ficam dispostas no mesmo patamar, com vista privilegiada para floresta que faz parte do condomínio. No térreo, os quartos dos filhos, outro de hóspedes e o home theater.
O ladrilho hidráulico no piso e a cerâmica nas paredes reforçam o clima de casa de campo. A cristaleira em madeira também é peça de família e ficava localizada na antiga sala da fazenda.
Charmosos, os armários feitos em madeira com chapa de aço perfurada garantem ventilação aos itens guardados. “Essa é uma estrutura que normalmente utilizamos em áreas externas, mas eles adoraram, principalmente por ficarem longos períodos longe da casa, já que moram no interior gaúcho.”
Paisagismo: Gustavo Martinelli. | Fotos: André Nazareth.