A liberdade nunca foi tão sutil como nos dias de hoje.

15 quadros de pássaros sugere reflexão ao tratamento individual dado à liberdade

Quando decidiu pintar 15 quadros de pássaros, no início deste ano, o artista Ariel Busquila não imaginava que meses depois eles significariam tanto. Na época, apenas estudava a natureza como os românticos a retratavam e quis passar isso para as telas. Hoje, porém, as obras ganharam novo significado. “Eu olho para elas e entendo que representam o maior desejo atual: a liberdade. O que todos mais querem neste momento é poder sair de casa, em segurança, sabendo que poderão ir, mas também voltar“, reflete o pintor. 

De acordo com o artista, a liberdade nunca foi tão sutil como nos dias de hoje. Afinal, as pessoas continuam com a liberdade de expressão e liberdades individuais, mas tendo que seguir as restrições impostas pelo avanço do novo coronavírus, que faz vítimas pelo mundo todo. “Por mais que não seja o cenário que eu queria, para o artista é muito bom quando as pessoas se identificam com as suas obras. E, neste momento, tenho certeza que todo mundo olha para as minhas e se vê de alguma forma em cada pássaro, seja no que aparenta mais tranquilidade, no mais firme ou no mais frágil“, afirma Ariel. 

Ele revela que ao atravessar o espectador, cria um impacto emocional no outro lado. E é isso o que mais busca em seus trabalhos. “É importante destacar que nunca retrato a realidade como ela é. Nas minhas obras é clara a percepção de que algo não é real. Isso porque a ideia é fazer com que as pessoas reflitam. Os pássaros, por exemplo, não devem apenas identificar a nossa vontade de ser livre. Eles também podem nos fazer pensar como cada um lidava com a sua própria liberdade antes disso tudo acontecer”, sugere o artista.

Em tempos de isolamento social, Ariel revela que tem aproveitado para desenvolver as suas habilidades de escrita. Com o evento de lançamento do seu primeiro livro Beny Benely, marcado para o início de abril, cancelado em função da Covid-19, o também escritor achou que o momento seria ideal para escrever a segunda ficção e já começar a produzir as ilustrações que acompanharão a nova obra literária. É exatamente como fez em Beny Benely, que tem o texto intercalado com as expressões artísticas do autor. 

Ariel Busquila – Formado em Design de Moda pelo Instituto Europeu de Design, Ariel Busquila sempre foi ligado às artes. Começou a ter aulas de pintura aos 11 anos de idade, fez curso de Artes Plásticas no Centro Cultural Castillo Pittamiglio, em Montevidéu, Uruguai, curso de História da Arte com Rodrigo Naves e pós-graduação em Práticas Artísticas na FAAP. Teve a primeira exposição de suas obras aos 20 anos de idade. De lá para cá, já fez mais de 100 pinturas em aquarela, 150 obras em acrílico sobre tela, fotos e xilogravura, forma artística que vem experimentando ultimamente. Ariel aposta em quadros estéticos e não se prende a métodos ou conceitos de um determinado estilo. O pintor acredita que a arte tem o poder de restaurar sentimentos e mexer com a sensibilidade das pessoas. Algumas de suas obras serviram de cenário para séries da Netflix e SBT. Recentemente, arriscou-se em uma nova forma artística: a escrita. Seu primeiro livro conta a história de uma criança que tinha tudo para ser feliz, não fossem fatos perturbadores e enigmáticos que atravessam a sua trajetória. A ficção será lançada em abril pela editora Chiado Books.